Adubação do milho e adubação fosfatada: erros mais comuns e dicas
Você já se perguntou se realmente estava fazendo a melhor adubação do milho? As recomendações de fertilizantes para a cultura do milho são, muitas das vezes, reduzidas ou deixadas de lado.
Inclusive a adubação fosfatada, tão debatida nos solos brasileiros, parece receber menos atenção, especialmente na segunda safra do milho.
Para esclarecer sobre o assunto, falamos com o professor Paulo Sérgio Pavinato, doutor em Agronomia pela UNESP e professor associado da ESALQ/USP, com atuação na área de fertilidade do solo e adubação.
Quais são os erros mais comuns na adubação do milho?
Redução da adubação no milho safrinha
Como o milho normalmente é cultivado em segunda safra, é comum entrar com doses mais reduzidas de nutrientes nesta cultura, já que temos o risco climático.
Dessa maneira, em geral, o milho safrinha recebe menos NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) do que o milho da primeira safra.
Mas é um ponto que nós devemos nos questionar: a demanda da cultura em função da produção continua sendo alta.
O milho de segunda safra ele vai demandar, pelo menos, 100 a 120 pontos de N, 50 a 60 pontos de P2O5 e 80 a 90 pontos de K2O. Nós precisamos suprir essa quantidade, caso contrário, a planta vai sofrer.
Época de aplicação
A época de aplicação para nitrogênio é na semeadura (adubação de base) ou logo após a semeadura e quando está com quatro cinco folhas abertas (adubação de cobertura).
Lembrando que a adubação nitrogenada ela deverá ser aplicada sempre nos estágios iniciais da cultura para que ele tem a maior eficiência produtividade. Em geral, não temos visto muitos problemas quanto a isso.
No entanto, para fósforo muitos desejam a antecipação da adubação fosfatada para antes da soja, pensando que a eficiência dessa adubação seja boa também para o milho.
Isso pode ser um equívoco, porque a cultura do milho não vai ter acesso a boa parte do residual de fertilizantes que foi aplicado antecipado na soja.
Por isso, devemos tomar um cuidado muito grande em relação aos níveis de fósforo no solo. Se os níveis de fósforo no solo estão altos, nós podemos ter o cultivo do milho sem muito risco de perda de produtividade em função da capacidade do solo de abastecer essa cultura.
Mas, se os níveis estão abaixo do crítico, nós temos que ter cautela e seria recomendada a aplicação de adubação fosfatada na linha para compensar essa baixa disponibilidade no solo.
Além disso, podemos considerar as fontes de fertilizantes. Hoje existem fontes no mercado que têm uma eficiência muito melhor, como por exemplo os nitrogenados revestidos que inibem as perdas por volatilização e os fosfatados que tem melhor eficiência.
É claro que demos também tomar também cuidado com o preço desses produtos.
Em síntese, se nós fizemos um manejo adequado da lavoura colocarmos as doses adequadas para o suprimento da cultura nós esperamos alta produtividade.
Quais os principais pontos de atenção da adubação fosfatada no milho?
Local e época de aplicação da adubação fosfatada
Quando nós procuramos em ter uma alta eficiência da adubação fosfatada nós temos que pensar na localização, ou seja, o local de aplicação do fertilizante é muito importante.
Se nós fizemos a aplicação localizada no sulco de plantio nós teremos uma eficiência maior que a aplicação superficial.
Por outro lado, um ponto importante é a época de aplicação desse fosfato. Como já comentamos, sabemos hoje que os produtores têm antecipado aplicação do fosfato muitas vezes para a época anterior ao plantio da primeira safra, perdendo a eficiência.
Se nós conseguirmos fazer essa aplicação do fosfato na linha de semeadura do milho com certeza nós teremos um melhor aproveitamento desse fertilizante pela cultura.
No entanto, nós temos que pensar também no longo prazo. No ciclo envolvendo as culturas em rotação, por exemplo, a soja e o milho segunda safra, além de plantas de cobertura na entressafra, conseguimos atingir uma eficiência boa com essa adubação fosfatada (de 60 a 70%).
Dose da adubação fosfatada
Além disso, a dose é outro ponto de atenção. Com as produções atuais de milho, tanto na primeira como na segunda safra, precisamos suprir de 40 a 60 kg de P2O5 para suprir a demanda da cultura.
Ou seja, se nós queremos colher de 8 a 12 toneladas de milho por hectare, devemos ter a quantidade de 40 a 60 kg de P2O5 para que a cultura seja bem nutrida.
No entanto, sabemos que a eficiência não é 100%, portanto, a da adubação fosfatada deve ser em torno esse de 80 a 100 Kg de P2O5 por hectare.
Um grande problema é que muitos produtores não fazem essa quantidade de adubação específica para o milho, usando 80 a 100 Kg de P2O5/ha tanto para a soja como para o milho.
Sendo assim, para uma maior eficiência, temos que pensar numa adubação um pouco mais pesada para o milho, sabendo que hoje as produtividades estão acima de 8-9 toneladas por hectare, inclusive na segunda safra.
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