Você sabe como manejar a cigarrinha-do-milho e os enfezamentos?
O aumento de casos dos enfezamentos, doenças transmitidas pela cigarrinha-do-milho, fez com que essa dúvida ficasse ainda maior nesta última safra.
Para esclarecer sobre esse assunto temos hoje conosco o Professor Pedro Yamamoto que é especialista em entomologia e professor do departamento de entomologia e acarologia da escola superior de agricultura Luiz de Queiroz Esalq/USP. Confira!
Como a cigarrinha transmite os enfezamentos para o milho?
A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é capaz de transmitir dois patógenos que são semelhantes a bactéria e que causam doenças ao milho.
Uma delas é o enfezamento pálido, que é causada por um espiroplasma, e outra é o enfezamento vermelho, causada por um fitoplasma.
Esses patógenos são colonizadores dos vasos condutores de seiva da planta de milho, lembrando que Dalbulus maidis somente hospeda em plantas de milho, não se hospedando em outras Poaceaes, nem mesmo o sorgo, somente milho.
Então esse é um dado importante para a gente analisar na questão de transmissão e também na hora do manejo.
E como a cigarrinha-do-milho transmite os enfezamentos?
A cigarrinha-do-milho tem que visitar uma planta doente, seja pelo enfezamento pálido ou pelo enfezamento vermelho, e sugar a seiva dessa planta para adquirir os patógenos.
Geralmente, a cigarrinha transmite para plantas mais novas, já que tem essa preferência na sua alimentação.
Nesse processo, é importante ressaltar que os patógenos devem circular e se reproduzirem dentro do inseto para poderem serem transmitidos para as plantas sadias.
Portanto, é após um período de latência que a cigarrinha-do-milho vai conseguir transmitir o patógeno para a planta sadia.
Porém, durante toda a vida do inseto ele vai conseguir transmitir os enfezamentos, já que os patógenos, tanto espiroplasma como fitoplasma, se reproduzem dentro do inseto e aumentam a sua população.
Por isso é importante a questão de verificação do nível ou da incidência da doença nos plantios de milhos mais velhos para tomada de decisão quanto aos plantios de milho em novas áreas próximas.
Por que a incidência desse inseto vem aumentando e como fazer o seu manejo?
Com relação o porquê da incidência do inseto vir aumentando, isso pode estar relacionado às condições climáticas que tem desfavorecido os inimigos naturais (dentre esses, os fungos entomopatogênicos), também devido aos plantio sucessivos e a manutenção das tigueras.
Para o manejo desse inseto, o primeiro ponto é verificar na região o nível de doença. Se estiver alto, evite outros plantios nesses locais e não faça o plantio seguinte em áreas já com lavoura de milho mais velha, já que vai haver transmissão dessa doença dos plantios mais antigos para os mais novos.
Outra medida importante é a sincronização da época de plantio na mesma região, ou seja, todos plantarem no mesmo momento, ou no momento muito parecido, para que não haja plantios mais velhos ou mais novos que vão manter a cigarrinha no local.
Lembrando sempre que Dalbulus maidis (cigarrinha-do-milho) só tem como hospedeiro a planta de milho.
É importante também diversificar o milho plantado, pensando no melhor híbrido conforme o local onde você está e no grau de resistência aos enfezamentos, já que existem diferentes graus dependendo do híbrido.
Portanto, sempre vamos procurar saber junto com os produtores ou os vendedores, quais aqueles híbridos que são menos atacados pela doença.
Eliminar também plantas voluntárias e tigueras de milho, já que é nessas plantas que o Dalbulus vai se manter para atacar outros plantios. Veja mais como controlar tiguera de milho neste episódio.
Além disso, devemos pensar em controle químico usando sempre neonicotinoides e suas misturas com piretroides para aplicação no controle da cigarrinha-do-milho.
Também podemos pensar no controle biológico, principalmente com o uso do fungo Isaria fumosorosea (também chamado de Cordyceps fumosorosea), que é um excelente produto para ser utilizado em rotação com os produtos fitossanitários, diminuindo muito a população das cigarrinhas e contribuindo com um manejo mais integrado.
Veja também: Como melhorar o controle da Spodoptera frugiperda?
Santa Dica
O Santa Dica, podcast semanal de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.