O que é DDG e como usar na dieta animal? T.2 Ep.24

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Já pensou em colocar DDG na dieta dos seus animais?  

 O DDG (Dried Distillers Grains – Grãos Secos de Destilaria) está sendo cada vez mais utilizado pelos pecuaristas e pode apresentar diversas vantagens se bem manejado na dieta.  

Para explicar o que é o DDG e como podemos usá-lo da melhor maneira convidamos o Matheus Moretti, que é zootecnista e gestor técnico de bovinos de corte na Agroceres Multimix

O que é DDG? 

O primeiro ponto que a gente tem que entender quando a gente fala sobre DDG é que ele é um coproduto da usina de etanol de milho, sendo um resíduo que sobra após a fermentação do milho. 

Um segundo ponto muito importante que temos que entender é que hoje no Brasil temos 2 tipos de usinas produtora de etanol de milho que tem originados alguns produtos diferentes, sendo comum a confusão de chamar todos os subprodutos de DDG, o que não é correto. A seguir vamos entender mais sobre cada um deles. 

DDG padrão   

DDG clássico, chamado também de DDG padrão, o processo ocorre com o milho moído, com adição de algumas enzimas, e submetido à alguns processamentos industriais. 

O milho fermenta e depois existe o processo de destilação, obtendo o álcool. Para isso, é feita a centrifugação, onde é separado o xarope de milho (parte de solúveis e rico em aminoácidos e parede de levedura) e uma parte mais sólida que é o WDG. 

Esse WDG (Wet Distillers Grains) pode ser comercializado dessa forma úmido e, se comercializado seco, é o nosso DDG (Dried Distillers Grains – Grãos Secos de Destilaria). 

Algumas usinas adicionam o xarope de milho ao DDG, gerando o que é conhecido como DDGS, que, portanto, nada mais é que o produto DDG mais solúveis.  

As características principais do produto é que ele tem uma fração de fibra solúvel que tem todas as características adicionais que vão gerar energia no rúmen, além de ser rico em proteína. 

Essa proteína é de alta qualidade e temos que entender que essa proteína tem uma fração não degradável no rúmen mais alta. Isso vai exigir ajustes em termos de formulação. 

DDG de alta proteína   

Uma segunda linha que vemos de produção de DDG no Brasil é quando eles fazem a separação da casca do milho para a fermentação, ou seja, o milho é fermentado com uma maior concentração de amido já que fica sem a casca. 

O processo a partir de então é o mesmo, mas o resíduo depois da extração do etanol é mais proteico, dando origem ao que conhecemos de DDG de alta proteína (em torno de 40%). 

Desse processo, essa casca que foi retirada antes do tanque de fermentação, na maioria das vezes ela é enriquecida com os solúveis (xarope de milho). 

Assim, esses 2 produtos têm características nutricionais muito distintas do DDG padrão, o primeiro que aqui citamos. 

No DDG de alta proteína temos um produto muito proteico, com as características do DDG padrão, porém sem fibra. O outro produto é uma fibra solúvel, que tem características diferentes dessa de alta proteína, enriquecido com um pouco de aminoácidos de levedura. 

Diferenças entre os produtos 

Temos basicamente 3 tipos de produtos: um que vai ficar ali na casa dos 20% de proteína (casca de milho/ farelo de milho com solúveis), outro vai ficar na casa dos 30% (DDG padrão) e o que vai ficar em torno dos 40% de proteína (DDG de alta proteína).  

Como utilizar o DDG na dieta animal?  

Entendemos o processo produtivo que originou cada um desses produtos para entender as características de cada um. Agora veremos como trabalhar eles na nutrição dos ruminantes. 

O produto com mais baixa proteína, a casca de milho com solúveis, tem mais de fibra. Fazendo uma analogia, ele vai ter um comportamento bem parecido com a casca de soja no rúmen com teor proteico um pouco superior. 

Via de regra, ele entra substituindo essa parte da nossa fonte proteica. Ele é um produto de custo mais baixo do que os outros 2.  

No outro extremo, o DDG de alta proteína não vai ter muita fibra solúvel. Assim, ele entra substituindo o farelo de soja na formulação. 

Essa substituição pode acontecer em sua totalidade e uma preocupação é, dependendo do nível de inclusão, pensar no ajuste de ureia e PDR no rúmen. Em geral, esse produto tem entrada em torno de 15% das fórmulas em dietas de animais no confinamento.  

Já o DDG clássico, temos uma flexibilidade um pouco maior de uso, sendo possível trabalhar como fonte proteica e energética em alguns momentos. 

Isso vai depender do tipo de inclusão e da quantidade que vamos trabalhar com esse produto na formulação. 

Quem vai nos informar isso é o preço de aquisição desse insumo por parte do produtor. Então, se ele tiver um preço atrativo pode entrar até em 30 ou 40% de uma fórmula, onde vai substituir praticamente todo o farelo de soja e parte do milho que entraria. 

Nos preços atuais que vemos no mercado, ele entraria em torno de 15 a 20% da formulação, substituindo o farelo de soja uma pequena fração do milho da fórmula. 

Quais os cuidados que devemos ter nessa utilização? 

Os cuidados que podemos destacar frente ao uso dos DDG em formas de nutrição de ruminantes é basicamente entender que quando a extraímos o amido do grão estamos concentrando tudo o que tem no grão, já que 70% é amido. 

Assim, concentramos a parte mineral em 3 vezes também. Inclusões superiores a 20% podemos ter problemas de toxidez com esses minerais, especialmente enxofre. Por isso, em algumas situações já pedimos o núcleo específico para trabalhar com esse coproduto na nutrição dos animais.  

Outros 2 pontos que eu gosto muito de destacar é que estamos falando de um coproduto e, como todo coproduto, existe uma variação inerente ao sistema produtivo. 

Por isso, constantemente temos que avaliar a matriz nutricional desse insumo que estamos trabalhando dentro da formulação. 

Se estamos falando de um produto com 30%, mas está chegando na fazenda tem 33%, isso muda toda a composição e a fórmula que a gente trabalharia com os animais. 

O último destaque aqui é no caso de quem for trabalhar com um ingrediente úmido, como o WDG, resíduos de cervejaria ou as próprias silagens, sendo necessário checar constantemente a quantidade de matéria seca que esses ingredientes estão na fazenda. 

É muito importante avaliar esse padrão de matéria seca semanalmente, se possível até 2 vezes por semana. Isso é fundamental para ajustar a formulação e garantir que, quando eu carregue esse ingrediente no meu vagão, eu esteja pegando a quantidade correta que foi pedido dentro da formulação. 

Eu, particularmente, acredito muito na utilização dos DDG e veremos uma maior oferta desses produtos nos próximos anos para os pecuaristas, uma vez que há o crescimento de usinas de etanol de milho, fazendo com que os preços retraem, viabilizando maiores inclusões desses ingredientes.

Veja também:
Como interpretar a análise bromatológica de silagem? T.2 Ep.16

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O Santa Dica, podcast semanal de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

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