Do solo brasileiro está nascendo uma nova opção: BTMAX. Modo de ação diferente, nível alto de eficácia e o desenvolvimento no Brasil, fazem desta tecnologia um marco para a agricultura. 

BTMAX é a nova tecnologia contra a lagarta-do-cartucho que foi desenvolvida em parceria entre a Helix Sementes, empresa da qual a Santa Helena Sementes faz parte, e a Embrapa Milho e Sorgo. 

Para falar sobre essa tecnologia disruptiva, convidamos o Urbano Júnior, Sócio e Diretor Financeiro do Grupo Agroceres, e César Camilo, pesquisador da Helix Sementes. 

Um produto como o BTMAX não surge por acaso, sabemos que são anos de pesquisa. Como isso começou?  

Começou em 2013 no edital da Inova Agro. O edital tinha BDs e Finep apoiando associações entre centros de pesquisas e empresas do agronegócio.  

Foi realizado um plano de negócio, em parceria com a Embrapa, no subtema específico de OGMs próprios, no qual participamos desse edital público. Para nossa felicidade fomos os escolhidos dentro dos projetos, principalmente na categoria subvenção e apoio não reembolsável. 

Isso foi muito importante e a partir daí começamos a parceria. Demorou alguns anos para assinar os acordos de cooperação. Foi em 2015 que começamos a trabalhar com a Embrapa, então para esse projeto chegar até aqui já são 9 anos de trabalho. 

E durante esse processo, quais são as etapas para garimpar um evento de valor econômico que realmente traga benefícios para o produtor? 

É um processo muito complexo para quem não está acostumado e existem poucas pessoas são especializadas nessa área. 

Primeiro, você tem que partir de um banco BT, sendo que a Embrapa tem o maior banco BT do mundo tropical.  

Com a parceria, foram identificadas algumas cepas com potencial tóxico. E, para dar uma noção, esse banco tem milhares de cepas e, destas, foram selecionadas dezenas de cepas. 

Cada cepa possui mais de um gene que produz proteína, então é preciso sequenciar e selecionar os genes, os identificando. Portanto, estamos falando de centenas de genes com potencial. 

Após esses processos, é preciso transformar esse gene em bactéria para ver o nível de toxidade, formando milhares de testes. Depois disso, começa a transformar em planta, na maioria das vezes via Agrobacterium. 

Estamos falando de centenas de eventos, já na especificação de evento potencial. 

Então começam vários testes de campo, vários testes de laboratório, milhares de testes de casa de vegetação, até que sejam escolhidos os eventos mais promissores.  

Quando temos os 10 eventos mais promissores é feita a caracterização molecular deles. Depois disso é escolhido o evento elite, ou seja, o principal, que neste caso é o BTMAX, e passa por processo regulatório. 

Assim, são realizados centenas de testes de campo de novo, testes de laboratório e outros pra passar pelo processo regulatório no Brasil e no mundo. É bastante complexo, já que são vários genes em paralelo. 

O que esse evento apresentou para ser capaz de se tornar o BTMAX, ou seja, um produto comercial? 

Desde o início tivemos uma surpresa muito grande com o nível de toxidade do evento. Em todos os ensaios de campo, de laboratório, ensaios de diluição da proteína, ele apresentava toxicidade muito alta e foi muito surpreendente, ficamos muito satisfeitos. 

Tínhamos também que comprovar um modo de ação diferente dos genes existentes no mercado, porque é muito importante que tenha um modo de ação diferente para o manejo de resistência. São os dois aspectos fundamentais. 

Além disso, precisa passar nos processos regulatórios. Então, temos que ter uma consistência muito grande nos ensaios.  

Esse é um processo tecnicamente mais simples, mas com muita repetição e muitos testes para ver se realmente ele se comporta como milho convencional, a não ser na sua característica específica da transgenia do Bt.  

Esses são os 3 principais pontos para ir em frente com um evento como esse. 

Para um produto como esse ser produzido e comercializado no Brasil, quais as etapas que precisa passar?

Já foi elaborado o dossiê da parte regulatória e já foi aprovado na CTNBio, então tecnicamente falando já está apto para ser cultivado no Brasil. 

A CTNBio é o órgão que é responsável por esse tipo de aprovação no Brasil. Acontece que, como o milho está na cadeia de exportação, é preciso também aprovar em diversos países que são importadores e referência em termos de de aprovação tecnológica. 

Então é um processo é muito complexo, longo e demora bastante tempo. 

Quais são os resultados obtidos sobre a toxicidade do BTMAX contra a lagarta-do-cartucho? 

Nos ensaios regulatórios, além de toda a bateria de testes voltada para avaliar a segurança de saúde animal, do meio ambiente e consumo humano e animal, são feitas avaliações de eficácia de performance do evento em campo. 

O BTMAX foi plantado em diferentes regiões do país, com populações diferentes de lagarta e muitas delas já tem resistência a outros produtos comerciais e a performance do BTMAX foi muito alta, se comparando com as melhores tecnologias do mercado atualmente. 

Além disso, os ensaios de laboratório também mostraram essa alta eficácia e alta toxicidade. 

Basicamente, o BTMAX expressa a proteína Bt, que é responsável pela mortalidade da lagarta, em níveis de mais de 25 vezes acima do necessário para matar lagarta, então é bastante eficaz e até para o controle e manejo de resistência é uma ferramenta muito importante. 

Tiveram regiões com infestações muito altas, principalmente no Mato Grosso e Bahia, e o BTMAX comportou de maneira muito boa. 

O que difere o BTMAX de outras tecnologias que já existem no mercado?  

O mais importante nesse caso, é o modo de ação diferente. Então, a lagarta, que já é resistente a alguns eventos que estão no mercado, morre com o BTMAX, então você tem uma alternativa. 

Além disso, o nível de eficácia dele em campo está no mesmo nível da melhor tecnologia do mercado e muito acima das outras tecnologias que já tem uma quebra de resistência maior. 

Então, além de ter uma eficiência alta, o BTMAX possui um novo modo de ação que vai ajudar muito no manejo de resistência. É o que ele traz de disruptivo para o mercado. 

Santa Dica 

O Santa Dica, podcast de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

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