Ensilagem de milho T.3 Ep.21

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Ensilagem de milho é o processo de armazenamento da silagem de milho de forma adequada para que haja fermentação e seja mantida a qualidade da silagem. 

Para falar sobre esse processo e aos pontos que o produtor deve se atentar para ter economia e maior eficiência na produção de leite convidamos Wagner Tompson, consultor de silagem da Santa Helena Sementes, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em fitotecnia com vasta experiência no agronegócio e cultura de milho para silagem. 

Qual o ponto principal para termos o armazenamento de forma adequada? 

O mercado de silagem veio crescendo e se tornando muito profissional e, mesmo com todos os avanços, nos deparamos com muitos desafios nas fazendas. 

O produtor está mudando sua percepção do negócio. Antigamente a silagem era apenas uma estratégia para se ter um alimento no período da seca, ou seja, produzia no verão e armazenava no período da seca. 

E agora passou a ser um produto de alta tecnologia para atender demandas que exigem alta eficiência, animais de alta eficiência, confinados e de alto retorno no leite. 

A silagem passou de um produto relativamente simples para atender animais e sistemas de produção em que o produtor e seus técnicos têm que olhar vacas com DEL elevado (dias em lactação), intervalo entre partos, dietas para atender vários lotes, e a silagem de alta qualidade entrou justamente para atender essas demandas. 

Hoje o produtor tem que enxergar a silagem como um produto de alto valor agregado e que vai se transformar em leite.   

Qualquer risco no produto ou qualquer falha nesse processo de ensilagem de milho vai comprometer o seu negócio de forma bastante complicada. 

Respondendo à pergunta sobre como realizar o processo de ensilagem de milho da melhor forma possível, o produtor tem que ficar atento a escolha dos híbridos. 

Hoje nós temos produtos que são específicos para atender o produtor de leite, híbridos com alta eficiência em conversão em leite e conseguimos isso através da pesquisa híbridos com alta taxa de conversão em leite em função da genética. 

Junto com a genética também tem a parte técnica. O produtor tem que estar acompanhado por um time técnico ou pessoas que consigam ajudar para fazer a melhor adubação, atender a demanda desse híbrido, que é de alto investimento, alto teto e retorno, e tem que ter uma atenção diferenciada para obter o melhor resultado dentro da fazenda. 

E aos processos de silagem, ou seja, colher o milho na época e com a matéria seca ideais com alto teor de amido, porque o que vai fazer o produtor economizar de fato na silagem é a presença de amido no milho. 

Se o milho não tiver amido, ou seja, grãos, o produtor vai ter que gastar dinheiro com concentrados grãos, milho e soja.  

O produtor colher o milho antes da época faz com que ele perca o potencial produtivo da lavoura, porque o papel do milho é ter amido. 

Um dos maiores desafios que vemos é o produtor colher o milho sem aproveitar o potencial de investimento que ele fez na lavoura.  

Por que existem tantas dúvidas com relação ao processo de compactação da silagem e como fazê-lo da melhor forma? 

O produtor tem muita informação, escuta muitas opiniões diferentes e também acaba pecando no capricho final que é onde ele vai obter sucesso.  

Como seria isso? Tem algumas contas que são feitas em que para cada tantos centímetros de silagem que você está trazendo do campo tem que colocar um trator de toneladas. 

Esse monitoramento no campo é muito difícil, porque hoje com uso de automotriz o volume de silagem que chega é muito alto o produtor não consegue fazer esse acompanhamento, as coisas precisam ser mais práticas. 

E qual é o vilão do silo? O vilão do silo é oxigênio e ele tem que ser eliminado para não dar problema. 

E como que ele vai fazer isso? Colocando um trator mais pesado no silo. O trator tem que subir o silo, não descer. 

Esse momento de compactação é importante porque a eficiência de compactação com o trator subindo no silo é muito maior do que descendo silo. 

Outra questão importante é sobre o tempo de compactação da silagem. 

Supondo que o produtor acabou de fazer o silo, encerrou e vai começar outro. Ao encerrar, o trator tem que ficar na área por mais um período com o objetivo de eliminar de fato esse oxigênio. 

Para a eficiência ser maior, ele deve ficar umas de 2 a 4 horas no local, e esse capricho no final é fundamental para ele poder aproveitar melhor essa silagem. 

Outra coisa que temos visto bastante é justamente sobre o momento fechamento do silo. Temos visto que a aplicação de inoculante naquela camada da superfície antes de fechar o silo está apresentando eficiência e evitado muitas perdas.  

Além disso, devemos prestar atenção na forma que é realizada a vedação do silo, porque tem que eliminar o oxigênio para evitar a podridão da silagem. 

Com relação ao inoculante, qual é a sua função em silagem? 

Alguns anos atrás o inoculante era bastante discutido e hoje já está sendo bem consolidado. 

Os inoculantes são bactérias lácticas que vão favorecer a fermentação láctica no silo. É a principal reação que acontece dentro do silo e promove o armazenamento do silo de forma a evitar perdas. 

Por quê? Porque a fermentação láctica produz ácido lático que vai reduzir o PH, que começou com bactérias acéticas, e se mantém em torno de 4 evitando a proliferação de outros micro-organismos.  

São também bactérias anaeróbicas e sabemos que em ambiente anaeróbico também não se desenvolvem outros micro-organismos que podem ser deletérios da silagem. 

O inoculante serve justamente para você adicionar bactérias benéficas na silagem para ela permanecer por um período maior e com a qualidade no armazenamento. 

É importante lembrar também que uma silagem é altamente dependente do processo de ensilagem de milho.

Uma silagem de milho ou qualquer outro produto que seja, ela nunca melhora, vai manter o que você trouxe do campo. 

Essa informação é importante, porque escutamos indicações para colocar produtos para silagem melhorar, mas não melhora. 

A partir do momento que você cortou o milho tem que ser feito o melhor trabalho possível para tentar manter a qualidade que você está trazendo da roça, que veio de todo um processo agronômico para você armazenar isso da melhor maneira possível. 

Em quantos dias o produtor pode abrir seu silo e disponibilizar essas silagens para os animais? 

Temos visto o produtor abrir a silagem logo depois que fecha, resultado de uma demanda crescente de alimentos com áreas limitadas, investimento em animais e estrutura. 

Logicamente para você produzir mais leite ou você coloca mais vaca no sistema ou você coloca mais leite na vaca e para isso você tem que ter comida que é a silagem. 

O produtor vai investir na estrutura, em animais, mas as áreas são as mesmas, então a cada dia o produtor vai fechando o silo e logo tem que abrir. 

Geralmente quando você faz um silo dentro das recomendações, tem que esperar pelo menos 30 dias para ocorrer aquele processo de fermentação eficiente para que o animal consiga aproveitar melhor o alimento. 

Hoje, o que o pessoal tem feito é o utilizar inoculantes, ou seja, bactérias lácticas no sistema para acelerar o processo fermentativo.  

Fazendo um comparativo, se você não colocar inoculante essas bactérias vão se desenvolver automaticamente no silo e depois de 30 dias esse processo ocorre, de acordo com a literatura. 

Enquanto com utilização de inoculante partir de uma semana ou 10 dias você já pode estar usar esse silo, porque houve aceleração do processo fermentativo.  

Portanto, o silo pode ser utilizado em 10 dias com uso de inoculante e depois de 30 dias sem inoculante. 

Isso é importante para aproveitar melhor o amido que passou por um processo fermentativo, a fibra, qualidade do alimento de uma forma geral e disponibilidade em conversão em leite. 

Levando para o lado da gestão de custo da silagem de milho, qual que seria a sua orientação? 

São muitas coisas que o produtor tem que observar no processo de ensilagem do milho.

Fazendo uma analogia com análise de solo, hoje na área de silagem do produtor, ou como qualquer outra cultura, para não gastar mais adubo – que está caro – deve corrigir o solo e depois deve fazer uma adubação em função da sua expectativa de produtividade atendendo aquela cultura. 

Se o produtor não começa a fazer essas análises bromatológicas para elaborar a dieta e saber o que de fato tem naquele naquela silagem, o teor de amido, digestibilidade de fibra, nível de proteína, fibras aproveitáveis e ele pode cometer um erro muito grande que seria gastar dinheiro com fubá, milho, soja, concentrados sem precisar. 

Já vi muitas vezes em fazenda o produtor que tem uma receita pronta de dieta adicionando milho e fubá prejudicando o animal, porque sabemos que o excesso de amido pode causar problema de casco, torção de abomaso e uma série de problemas relacionados dieta. 

O fator fundamental seria a economia. Economizar hoje em compra de fubá de milho é uma ótima economia, estamos falando do milho a mais de 80 reais o saco. 

Hoje sabemos que o leite é uma commodity e o produtor não consegue regular o seu preço. Sendo assim, dentro da fazenda o produto que vai ser mais eficiente no custo é justamente no volumoso que ele traz do campo. 

Se o produtor não fizer análise bromatológica da silagem que vem do campo, pode acabar gastando dinheiro a mais com ração.  

Então esse é o ponto quando falamos da importância de fazer essa análise da silagem para ser mais assertivo na dieta e gastar menos dinheiro. 

Conclusão 

Gostaria de dar tranquilidade para o produtor procurar a Santa Helena Sementes para o atender da melhor maneira possível. 

O nosso grande papel como técnico e como empresa do agronegócio que vende uma semente é atender o produtor, que para mim é soberano. 

Nós temos que atender sua expectativa e quando falamos de leite e o know how que Santa Helena tem nessa questão de um híbrido para silagem concluímos que realmente estamos preparados para auxiliar tirando suas dúvidas técnicas e também sobre o processo de ensilagem do milho.

O produtor tem que começar a perguntar para as empresas de sementes de milho se aquele milho é bom no leite e a resposta tem que ser baseada em pesquisas. 

Nós fazemos pesquisas, temos um centro de pesquisa onde validamos esses híbridos tanto in vivo como in vitro e nos laboratórios testamos também em animais. 

Tudo com estatísticas validadas em períodos, porque não adianta fazer uma análise rápida porque a silagem deve ser analisada por período. 

Quando a gente traz essas informações, queremos trazer o milho para atender o mercado de leite e elas são baseadas em pesquisa. 

Nós não podemos chegar no produtor e simplesmente falar que ele é bom no leite. Precisamos mostrar as informações validadas e é o que fazemos nos nossos centros de pesquisa para que tenhamos informação com coerência, qualidade e propriedade. 

O produtor de leite precisa disso e nós como técnicos e uma empresa de sementes que está levando um produto de alta qualidade, de alta genética, com alta tecnologias e alto potencial produtivo, também temos que levar essa informação que esse milho é bom no leite e Santa Helena está preparada para atender o mercado de leite. 

Santa Dica 

O Santa Dica, podcast de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo. 

Veja também os episódios do Santa Dica sobre Eficiência na produção leiteira e Quanto de silagem eu preciso na propriedade? 

 

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