Como fazer adubação de potássio no milho para altas produtividades? T.2 Ep.19

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A adubação de potássio no milho exige vários cuidados, como considerar o objetivo da cultura, se atentar para a dose máxima na semeadura e outros. Para esclarecer todos esses pontos, temos neste episódio o professor Silas Maciel de Oliveira.  

Silas é engenheiro agrônomo, mestre e doutor em fitotecnia, com experiência em pesquisas aplicadas aos sistemas de produção do milho e soja. Atualmente é Professor da Universidade Estadual de Maringá. 

Quais são as doses recomendadas para adubação de potássio no milho?         

Em relação adubação de potássio na cultura do milho dois critérios são muito importantes de serem observados antes de realizar a aplicação ou de calcular a dose a ser aplicada. 

O primeiro deles é a produtividade que você teve nessa lavoura nos últimos anos, considerando a produtividade esperada. O segundo critério é a época de cultivo do milho, já que o milho safra e safrinha possuem produtividades diferentes e, consequentemente, exigências nutricionais diferentes. 

Para realizar esse cálculo da adubação de cobertura ou de semeadura é recomendado que você consulte os manuais de adubação do seu estado, já que os métodos para chegar aos valores finais variam conforme a região. 

Em média, para uma produtividade de média para alta na cultura do milho na safra, por exemplo 10 toneladas de grãos por hectare, na região centro-oeste do sul do Brasil essa dose de potássio varia de 40 até 90 kg de potássio por hectare. 

Importante ressaltar que quando falamos de milho para produção de grãos a dose varia basicamente em função da produtividade estimada.

Há diferenças nas doses de adubação de potássio no milho grão para milho silagem?            

Existe uma diferença significativa nessa adubação de potássio no milho. Isso ocorre em virtude de que na produção de milho para silagem praticamente toda a planta retirada do campo e essa planta ela vai ser utilizada para o processo de fabricação da silagem, muito utilizada para alimentação animal. 

A maior parte do potássio que está na planta está alocada na parte aérea e quando nós retiramos toda planta de milho do campo para produção de silagem retiramos essa parte, fazendo com que tenhamos uma grande remoção de potássio. 

Por isso, em termos de valores temos algumas mudanças muito significativas. Para a produção de grãos no estado do Paraná, que o estado é o qual eu tenho trabalhado nos últimos anos, temos a adubação para o milho de safra em torno de 40 a 70 kg de cada K2O por hectare. 

Quando nós falamos da produção de milho para silagem, considerando produtividade perto de 10 t de grãos e 40 t de biomassa verde de silagem por hectare, nós temos em uma adubação recomendada pelo boletim de 160 a 200 kg de potássio por hectare.  

Portanto, essa dose de potássio ela é de 2 a 3 vezes maior na produção de silagem se comparada com a produção de milho para grãos, sendo que isso ocorre especificamente em virtude da maior remoção de potássio do campo.  

Um cuidado muito interessante que o produtor pode tomar quando ele vai fazer a produção de milho para silagem é estar muito atento à época de adubação. 

Isso porque a maior parte do potássio é absorvido e alocado nas plantas de milho ocorre até o florescimento, ou seja, até o estádio R1 na planta. 

Assim, a época de fornecimento do potássio não deve ser mais tardia do que os estádios V4 a V6 na cultura do milho. Após isso, podemos ter uma redução da eficiência da adubação de potássio.  

Isso pode ser agravado no caso da produção de silagem, já que temos uma exportação muito alta de potássio ao longo do cultivo. 

Qual o melhor tipo de fonte de potássio fertilizante para o milho? 

Em relação ao tipo de fertilizante a ser utilizado para a cultura do milho todos nós sabemos que a fonte mais utilizada no Brasil hoje é o cloreto de potássio devido a sua grande porcentagem de K2O que contém no fertilizante (próximo a 60%) e também devido à facilidade de acesso que os produtores têm ao produto.  

Nós atualmente temos outras fontes de potássio que são menos exploradas e outros fontes de fertilizantes de potássio que não possuem especificamente o sal, o cloreto.  

Um problema que temos em altas produções de milho é que as recomendações de potássio são altas, o que pode acarretar a salinização da semente, fazendo com que a semente não consiga “beber água” devido a grande quantidade de sais que tem em torno dela.   

Portanto, quando utilizar fontes que tenham sal na sua composição, a exemplo do cloreto de potássio  (KCl), tenha em mente que doses maiores que 60 a 70 kg de K2O por hectare podem prejudicar a germinação e emergência das sementes de milho. Fazendo uma conversão para cloreto de potássio, doses maiores que 100 kg de KCl não são recomendadas na linha de semeadura. 

Quando nós falamos da aplicação em cobertura não temos essa limitação porque o fertilizante vai estar mais homogeneamente distribuído na área, assim evitando esse problema de salinização.  

Quando for possível, utilize outras fontes que não tenham sal na formulação. No mercado hoje nós temos algumas opções de fertilizantes que não são formulados com sais ou com cloreto, dando uma flexibilidade maior para o produtor relacionada a questão de semeadura.  

Mesmo assim devemos ficar muito atentos, até porque, esse fertilizante pode ser formulado junto a outros tipos de fertilizantes que também podem ter sal na sua composição.   

Para concluir essa questão, em relação essas fontes de potássio que podem ser utilizados para a cultura do milho é indicado que o produtor considere o custo-benefício, a facilidade de acesso que ele vai ter e a quantidade de sal que tem naquele fertilizante.  

Além disso, se comparado ao estudo da adubação de nitrogênio na cultura do milho, o estudo adubação de potássio na cultura do milho tem sido muito menos estudado. 

Nós temos alguns valores interessantes que mostram que cerca de 10 a 15% apenas do fertilizante aplicado na safra anterior é recuperado na safra de milho então, por exemplo, na sucessão soja-milho nós temos em torno de 15% do fertilizante que foi aplicado para a cultura da soja que vai ser utilizado pela cultura do milho. 

Esses valores são muito baixos e, dependendo da produtividade que o produtor almeja, você pode ter algum problema relacionado a nutrição de potássio naquela lavoura. 

Estudos sobre a eficiência da adubação, embora escassos, mostram em resultados preliminares que outros tipos de fertilizantes (se comparado com o convencional KCl), têm melhorado a eficiência de absorção do potássio pelas plantas.

Eu acredito que nos próximos anos esses fertilizantes comecem a ser mais utilizados pelos produtores e que a gente tenha mais resultados para conseguir orientar os produtores sobre qual fonte de fertilizante utilizar.  

Veja também os episódios do Santa Dica que abordam os assuntos de adubação fosfatada e análise de solo.

Santa Dica

O Santa Dica, podcast semanal de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

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2 comentários
  • Bom dia
    Queria ver se é possível produções acima de 20 toneladas de grãos por hectare
    Eu tenho ferti irrigacao e ano passado cheguei a produção de 13000kg de grão aqui está meu contato obrigado
    51/995599705

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