Como interpretar a análise bromatológica de silagem? T.2 Ep.16

Podcast 34

Ouvir Podcast

A análise bromatológica da silagem é uma ferramenta fundamental para conhecer a qualidade do milho que foi cultivado e do alimento que será dado aos seus animais.  

Mas nem sempre é fácil entender essa análise. Para esclarecer sobre o assunto, conversamos com o Carlos Henrique Pereira, que é engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Genética e Melhoramento de Plantas, ambos pela UFLA, com ênfase na produção de milho para forragem. Atualmente é Consultor de Desenvolvimento de Mercado pela Santa Helena Sementes 

O que é análise bromatológica e qual sua importância?       

Para melhor entender o significado do termo “análise bromatológica” é fundamental entender o conceito de bromatologia, que é tido como a ciência que estuda os alimentos. 

A bromatologia tem como função de analisar as propriedades dos alimentos, como a composição química, valor nutricional, valor energético, assim como suas propriedades físicas, toxicológicas e seus efeitos no organismo.  

Nesse sentido, já percebemos que é de grande importância verificar tais propriedades nos alimentos via uma análise bromatológica, como, por exemplo, a silagem de milho, um dos componentes mais importantes na alimentação de bovinos. 

Uma silagem de milho de qualidade proporciona elevada digestibilidade palatabilidade e é rica em energia, podendo fornecer de 50% ou até 100% a mais de energia digestível por hectare que qualquer outra forrageira.  

Dessa forma, os principais parâmetros dos resultados bromatológicos nos fornece subsídios para balancear uma dieta mais econômica e de qualidade, aumentando a eficiência e diminuindo custos, seja na produção de leite ou carne.  

Uma mensagem que gostaria de deixar aos produtores é: façam sempre o diagnóstico de como estão os componentes bromatológicos de sua silagem. 

A análise bromatológica é o sinalizador de como está a qualidade de sua silagem, portanto, faça a amostragem e o envio das amostras ao laboratório sempre de forma adequada.  

Por meio dos resultados dos parâmetros bromatológicos que estão presentes nos laudos, é possível fazer uma correta interpretação e balanceamento de uma dieta que será fornecida aos animais. 

Por isso, busque sempre manter esses parâmetros em níveis adequados. Importante ressaltar que para se ter uma satisfatória resposta animal, seja de leite ou carne, é necessária uma silagem de qualidade e para se ter uma silagem de qualidade, é necessário que uma lavoura seja de qualidade.  

Neste caso, fatores genéticos são cruciais, como a qualidade do híbrido de milho, ou seja, híbridos que entregam alta digestibilidade de fibras e grãos. 

Como exemplo de destaque, podemos citar de nosso portfólio os híbridos SHS 7970 na versão PRO2 e o SHS 7990 na versão PRO3, os quais tem nos mostrado excelentes resultados, tanto em produtividade quanto em qualidade, quando submetidos as análises bromatológicas.  

Vale ressaltar que, associado ao fator genético, temos fatores ambientais, como condições climáticas de solo, manejo, dentre outros que vão determinar o sucesso também na sua produção de forragem, tanto em quantidade, quanto em qualidade.  

Como fazer a interpretação da análise bromatológica e quais os principais parâmetros?         

Algumas dúvidas podem surgir no momento de fazer a interpretação dos resultados de uma análise bromatológica. O entendimento dos principais parâmetros é essencial para a interpretação de um laudo, bem como os principais fatores envolvidos nesse resultado.  

Matéria Seca 

A determinação da Matéria Seca é o ponto de partida da análise de alimentos, como o próprio nome diz é a massa total descontado a umidade. 

Ela representa a fração do alimento onde se encontra todos os nutrientes, utilizando como base para se calcular uma dieta, a qual geralmente é expressa em Kg de Matéria Seca por animal por dia.  

Além disso, a Matéria Seca é um importante parâmetro para ajudar o produtor a definir o ponto de colheita da silagem, sendo ideal de 35% a 38%.  

Referente a digestibilidade da matéria seca, essa é uma relação entre a quantidade de alimento que o animal ingere e o que digere. 

O que ele digere é o que efetivamente é assimilado e que entra no metabolismo propriamente dito do organismo animal, estando ideal acima de 60%. 

Proteína Bruta 

Está entre 6 a 8% no milho e nunca será o forte da silagem. Por isso, temos complementos proteicos na dieta como farelo de soja, ureia, alfafa, etc. 

Fibra em Detergente Neutro – FDN 

A Fibra em Detergente Neutro (FDN) corresponde a fração fibrosa do alimento. A FDN corresponde à celulose, hemicelulose, lignina, pectina e sílica, sendo um melhor indicativo para saber o teor de fibra que será importante para manter a função ruminal e ter uma estimativa da qualidade da silagem. 

A FDN ideal está entre 48% e 55%. 

Quanto a digestibilidade da FDN, o melhoramento genético ele tem proporcionado o surgimento de híbridos com maior coeficiente de digestibilidade da fração fibrosa com menor concentração de lignina com pouca alteração no conteúdo da FDN e da proteína bruta.  

Uma boa digestibilidade das fibras proporciona maior desempenho animal, mesmo quando tem esse alta concentração de FDN na dieta, sendo a digestibilidade entre 50% a 58% como ideal.  

Fibra em Detergente Ácido – FDA 

A Fibra em Detergente Ácido (FDA) representa as frações de celulose, lignina, pectina e cíclica, ou seja, a parte fibrosa que não é digestível, estando contidas no FDN. 

Desta forma, quanto menor o teor de FDA maior a digestibilidade e qualidade da silagem, sendo ideal de 23% a 35%.  

Amido 

O amido está relacionado ao grupo dos carboidratos não fibrosos e constituem uma fração de grande importância energética na composição bromatológica. 

É a principal fração da silagem, pois corresponde à maioria da energia contida na silagem, com teores acima de 28% como ideais.  
 

Nutrientes Digestíveis Totais – NDT 

Este é um dos parâmetros mais empregados para expressar a energia de uma silagem.  

Ele é semelhante ao valor da energia digestiva do alimento, podendo ser utilizado para descrever os valores das necessidades energéticas do animal para formulação de rações. O ideal seria acima de 60%.  

Nitrogênio amoniacal 

Está associado com a qualidade da fermentação da silagem, com valores acima de 10% sendo um indicativo que houve uma demora no fechamento do silo ou a colheita foi realizada com matéria seca baixa, ocorrendo perdas de nitrogênio como protease e volatilização da amônia.  

Matéria Mineral 

A Matéria Mineral é obtida pela determinação da cinza, fornecendo apenas um indicativo da riqueza da amostra em elementos minerais. 

Possui valor nutricional quase nulo, se tivermos níveis mais elevados de matéria mineral na silagem, ela certamente terá menores níveis de energia, estando como ideal de 3% a 4%.  

Extrato Etéreo (E.E.) 

Essa fração refere-se às gorduras ou lipídios que compõem o teor de óleo na silagem. 

Em silagem de planta inteira os níveis de óleo são baixos e por isso pouco interfere na qualidade total, estando de 3% a 3.6% como ideal.  

Energia Líquida de Lactação 

Quanto maior a produção de leite maior a demanda energética e proteica, portanto, quanto maior a qualidade da silagem maior será a sua carga energética que será absorvida pelo animal. 

Acima de 1.500 microcalorias/Kg é o ideal, potencializando sua produção de leite. 

Ácidos 

Os ácidos são produzidos pelo processo fermentativo da silagem. Na fase anaeróbia ocorre a produção de ácidos orgânicos resultantes do metabolismo de carboidratos solúveis causando redução do pH. Também temos alguns ácidos produzidos na fase aeróbica.  

Então quanto ao ácido lático seria ideal de 6% a 8 %, menos que 2% para o ácido acético e menos que 0,1% para o ácido butílico. 

Veja também os episódios do Santa Dica que abordam os assuntos de plantio de milho para silagem e altura de corte do milho para silagem.

Santa Dica

O Santa Dica, podcast semanal de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

Inicie uma discussão

2 comentários
  • Faço Silagem de capim capiaçu, uso inoculante de primeira linha, por acaso, posso servir aos animais, com 10 dias depois de pronta?

    • Olá Paulo, nosso especialista Carlos Henrique respondeu o seguinte:

      “Ao se utilizar inoculante para acelerar o processo de fermentação, o ideal é seguir o tempo indicado no rótulo pelo fabricante, mas de forma prática, mesmo com o uso de um bom inoculante, com 20 dias em média a silagem está pronta depois de completar o processo de estabilização da fermentação. Nesse caso, para maior segurança, recomendamos abrir o silo somente a partir de 25-30 dias após seu fechamento.”

      Esperamos ter ajudado! Obrigado por nos acompanhar,
      Abraço!

Inscreva-se

Posts Recentes

Podcast 34