Agricultura de Precisão 2022 T.3 Ep.9

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Você já pratica a Agricultura de Precisão (AP) em sua área?  Veja quais são as expectativas para Agricultura de Precisão em 2022 e como começar a implantar a AP neste episódio do Santa Dica! 

Para falar sobre esse assunto, trouxemos o Luis Gustavo Mendes, que é Engenheiro Agrônomo, licenciado e mestre pela Esalq/USP. Atualmente é empreendedor pela BullGreen e  Agribase, no ramo de tecnologia no agronegócio. 

Agricultura de precisão 2022: veja abaixo as expectativas do setor para esse ano, como melhorar ainda mais a semeadura de milho com AP e mais!

Quais são as expectativas da Agricultura de Precisão 2022?    

É evidente que com a pandemia as novas digitalizações dentro do agronegócio tecnificaram as fazendas. Cada vez mais vemos os produtores buscando novas ferramentas, novos softwares, novas tecnologias para implementar em suas áreas.  

Na minha opinião, essa foi uma boa coisa que aconteceu em meio à pandemia, por exemplo, estava lendo um artigo que saiu na Forbes que somando o faturamento das 100 maiores empresas do agronegócio brasileiro temos o valor de de 1,29 trilhão de reais.  

Então, comparado a 2020/2019, temos um crescimento de 24%. Isso se deve também, é claro, à alta dos preço das commodities, mas também às tecnologias, já que cada vez mais essas empresas e fazendas no Brasil estão investindo nisso. 

Hoje eu vejo que, dos clientes que eu atendo, principalmente pela BullGreen que em geral são pecuaristas, que o setor pecuário também está com valor bem alto e quem consegue fazer um manejo legal de seus pastos está também buscando tecnologia.  

Antigamente a gente falava de adubar pasto e ninguém fazia isso. Atualmente, a adubação de pasto já é uma realidade em muitas fazendas, juntamente com a análise solo, mesmo que seja por talhão. 

Com isso o pecuarista obtém maior rendimento e consegue colocar maior quantidade de arrobas por hectare, unidades de animais por hectare, sendo mais eficiente. O agricultor já é ainda mais tecnificado e cada vez obtém maiores produtividades, se intensificando. 

Hoje aqui no Brasil a gente já está muito bem servido dessas empresas que fornecem tecnologia e o que ainda falta é capacitação.  

Ressalto que com tecnologias disponíveis no mercado hoje, como drone, satélites e sensores, dá para começar a fazendo do básico bem-feito e com resultados. 

Na minha visão, temos carência de pessoas que entendam de todas as tecnologias que e que consigam aplicar tudo isso de uma de forma inteligente dentro da fazenda.  

Então, hoje temos diversas tecnologias, inclusive de baixo custo, que passamos para nossos alunos da Agribase, empresa a qual fornece cursos, mentorias e capacitações.  

Veja que, mesmo com a pandemia, o setor do agronegócio brasileiro conseguiu dar a volta por cima, tivemos resultados positivos e com o PIB crescendo dentro de cada negócio.  

Por exemplo, dessas 100 maiores empresas que mencionei anteriormente, todas elas tiveram um faturamento de pelo menos 1 bilhão em 2020, então são empresas grandes no setor. O interessante é que apenas 5 dessas tiveram em 2021 um faturamento menor do que em 2020, enquanto algumas outras empresas viu a sua receita dobrar. 

O Brasil é um país do agronegócio. Temos chances de bater novos recordes e obter boas safras e, com cada vez mais a tecnologia sendo bem empregada, vamos atingir resultados melhores ainda. 

Quando falamos em agricultura de precisão quase sempre pensamos em GPS e piloto automático. Mas quais são as outras vantagens e objetivos que o produtor pode ter com a AP?   

Essa é uma dúvida que que muitos produtores têm, eu escuto quase todo dia: “eu sou pequeno/médio produto, não tenho dinheiro para investir”.  

A agricultura de precisão nada mais é do que entender que as fazendas têm variabilidade, ou seja, que as áreas não são uniformes, temos talhão que produz mais, talhão que produz menos.  

Temos vários setores dentro da agricultura de precisão. Um dos principais deles vai cuidar do manejo da variabilidade do solo.  

Entramos com fertilidade, com análise de solo, entendemos como as lavouras estão se comportando e buscamos ferramentas para aplicar esses insumos de forma mais eficiente. 

Essa aplicação é otimizada, reduzindo ou aplicando mais, porém nos locais que precisam de mais insumos vamos aplicar de uma forma mais inteligente. 

A segunda vertente que gostaria de chamar atenção aqui é a parte mais fácil de ser visualizada para o agricultor, que é a parte de máquinas, ferramentas e softwares.  

O produtor hoje entende muito bem um drone voando, um trator com o piloto automático, isso enche os olhos dele.  

E por ele ver o trator andando, por essa parte ser mais “palpável”, é mais fácil comprar essa tecnologia. 

Porém, de nada adianta ele ter uma máquina com o sistema de direcionamento automático e esquecer de manejar a fertilidade do solo.  

Muitas vezes vemos uma lavoura pobre em fertilidade, mas com um trator caríssimo nela. Claro que vamos ter uma colheita mais rápida, em linhas paralelas, mas vai continuar sendo uma lavoura ruim. 

Perceba que esse produtor não vai reduzir os custos, ser mais eficiente ou aumentar sua produtividade.  

Portanto, esses conceitos eles têm que andar juntos. Vejo muita oportunidade, muito o mercado de trabalho para quem quer entrar nessa área.  

Ressalto que a agricultura de precisão/agricultura digital não é só o GPS, não é só o trator, não é só a máquina. A agricultura de precisão é entender a lavoura inteira como um todo. 

Outro ponto importante é que hoje temos fazendas com faturamento anual de 1-5 milhões de reais e os produtores não têm um software de gestão, eles não têm ali um controle do que está acontecendo no campo. 

Além disso, temos tecnologias de baixo custo, como aplicativos de celular que funcionam como sistema de piloto automático.  

Um exemplo é o chamado “navegador de campo” que cria linhas paralelas. Assim, para aqueles agricultores que não tem uma máquina com piloto automático, que hoje às vezes um kit custa até 60 a 80 mil reais, mesmo sem investir tudo isso podemos ter as linhas paralelas, não tão precisas, mas já conseguimos fazer algo. 

É igual andar de bicicleta, a gente não pega a bicicleta e já sai andando, não é? Primeiro andamos com a rodinha e assim vamos evoluindo. 

Então o produtor pode começar instalando alguns softwares e/ou fazendo alguns manejos de baixo custo e depois, à medida que ele vai conhecendo essas tecnologias, ele vai sabendo como fazer a gestão de forma mais eficiente da sua lavoura.  

Depois disso é claro que o sonho e o ideal é ver a fazenda com o trator com piloto automático, software de gestão, imagens de satélites, drones, etc. E temos tecnologia de ponta sendo lançada, como tratores que dirigem sozinhos e outros. 

No entanto, temos que voltar um pouquinho, pensar um pouquinho no arroz com feijão bem-feito e para fazer o arroz com feijão bem-feito, não precisa de muito investimento. 

Ainda sobre essas outras vantagens da agricultura de precisão, ela pode nos ajudar em um plantio de milho ainda melhor?  

A agricultura de precisão e essas novas tecnologias digitais, seja no plantio de milho ou de de outros grãos, consegue (através de sensores e ferramentas, análise de solo e/ou sensores aí de condutividade elétrica) melhorar e otimizar ainda mais a semeadura.  

Podemos utilizar diversos sensores, que já existem comercialmente pelo Brasil, ou contratar esse tipo de serviço e obter esses mapas das áreas, conseguindo diversas informações sobre a fazenda em forma de mapas e dados. 

Assim, os produtores conseguem entender como que está a textura das suas regiões e fazer um melhor manejo. Por exemplo, se eu tenho solos mais argilosos ou se eu tenho regiões com solos mais arenosos e já sei que ocorre sempre um veranico na segunda safra, posso tomar medidas de manejo mais inteligentes baseado nessas informações dos mapas. 

Em áreas mais argilosas eu sei que o milho vai segurar um pouquinho mais a umidade então posso semear esse milho mais tarde. No entanto, se eu tenho áreas mais arenosas é melhor fazer a semeadura um pouco antecipada. 

É importante dizer que há muitos casos em que a fazenda possui esses dados, mas não sabe o que fazer com eles. A interpretação dos mapas é o que falta muitas vezes. Veja que somente a tecnologia não basta. 

Outro exemplo é sobre a fertilidade do solo. Em toda fazenda temos áreas mais férteis que as outras. Com o mapa dessa variabilidade posso fazer diversos manejos. 

Voltando à semeadura do milho, em um solo mais pobre posso colocar uma população de sementes um pouco mais baixa para não ter tanta competição, ocorrendo o contrário em um solo mais rico em nutrientes. 

Portanto, eu não preciso semear essa dose uniforme na minha fazenda inteira. Dessa maneira conseguimos reduzir custos e aumentar os lucros. 

Então eu brinco que o produtor está com a faca e o queijo na mão, é só saber como aplicar esses conceitos nas suas lavouras.  

Já temos tudo disponível agora, para a Agricultura de Precisão 2022, mas como é tudo muito novo, eu acho que falta um pouquinho de conhecimento. 

É esse trabalho que a Santa Helena vem fazendo junto com a gente de levar esse conhecimento, levar como transformar esses dados em recomendações e é o que o produtor rural brasileiro hoje está precisando.  

Veja também:
Como começar a Agricultura de Precisão na fazenda?
Como fazer adubação de potássio no milho para altas produtividades?

Santa Dica

O Santa Dica, podcast de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

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