Preço do milho em 2022 T.3 Ep.8

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Está se perguntando sobre o mercado do milho em 2022? Trouxemos esse assunto neste episódio que conta com a honra da participação do Dr. Fernando Pereira. 

Fernando Pereira é ex-presidente e membro do conselho de administração da Agroceres tem grande experiência no agronegócio e especialmente no mercado de grãos e carnes.  

Veja a seguir o que esperar do mercado e preço de milho para 2022, além de outras informações sobre o tema! 

Como entender o comportamento atual do preço do milho?  

Para entendermos bem o comportamento do preço atual do milho precisamos retroceder um pouco no tempo. 

Uma forte elevação do preço começou a acontecer no segundo semestre de 2020. A princípio, de maneira estranha, isso coincide com um recorde de produção de milho, em torno de 102 milhões de toneladas naquele ano. 

Então, como explicar uma forte elevação de preço com uma forte safra? Na realidade, isso decorreu do que aconteceu no ano anterior. Em 2019, nós tivemos uma safra próxima da recorde e uma exportação recorde. 

Ou seja, exportamos muito e, consequentemente, tivemos um baixo estoque de passagem para o ano de 2020. 

Em 2020 contribuiu muito também o câmbio, já que com a entrada da pandemia no início de 2020 o câmbio saltou para níveis acima de 5,20, permanecendo até hoje. Isso favoreceu ainda mais o mercado

Consequentemente nós tivemos novamente um estoque de passagem de 2020 para 2021 aquém do que se esperava. Ou seja, continuamos com um mercado enxuto de oferta. 

Em 2021, nós tivemos um outro fenômeno. Problemas climáticos reduziram a produção de milho brasileiro em aproximadamente 16 milhões de toneladas, resultando em queda de oferta. Assim terminamos 2021 com estoque de passagem modesto e com potencial exportador bastante forte.  

Isso explica esse mais de 1 ano e meio de preços fortes do milho. 

Qual o volume de exportação do milho?  

Chegamos a exportar cerca de 42 milhões de toneladas de grão de milho de uma produção de 102 milhões. O Brasil consome algo em torno de 68 a 70 milhões de toneladas. 

As cadeias de produção de carne de frangos e de suínos são as maiores consumidoras desse grão, fora aquele que vai para consumo humano. 

O que podemos esperar do mercado do milho para 2022?  

O cenário possível que podemos desenhar neste momento, a luz dos fatos disponíveis mostra um mercado com preço consistente. Isso se explica por alguns fatores. 

Já mencionamos o estoque de passagem modesto do ano 2021 para 2022 decorrente da quebra de safra ocorrida em 2021.  

Além disso, já temos uma queda de produção da safra verão da ordem de 5 a 7 milhões de toneladas provocada pelo fenômeno La Niña na região sul do Brasil. 

Ressalto que essa safra verão não é o período que corresponde a maior produção de milho no Brasil, respondendo por 22 a 23% da produção total brasileira em anos normais. Porém essa queda tem certamente algum impacto na produção.  

O restante do cenário está dependendo da oferta e demanda, sendo que a oferta é da segunda safra (safrinha) de milho que vamos ter em 2022. 

Portanto, a tendência de preços consiste. Isso porque não se vislumbra, dentro ou fora do Brasil e ao longo do ano, nenhuma queda forte de demanda, tão pouco aumento forte de produção.  

Assim temos uma relativa estabilização do preço do milho em níveis elevados para 2022

Na sua opinião, quais os fatores que mais vão impactar os preços neste ano? 

É evidente que durante o ano tudo isso que falamos anteriormente não é linear, existem oscilações naturais que certamente vão acontecer e isso é muito importante. 

Começamos agora o plantio da maior safra que compõem a safra total brasileira, que é a segunda safra. Ou seja, tudo está por acontecer.  

Vamos acompanhar agora o ciclo da cultura na fase inicial de plantio, depois passa por um período crítico que é o período de pendoamento e enchimento de espigas, o que vai acontecer por volta de a abril e maio e depois ainda passamos pelo risco climático no final da safra, especialmente na região Sul. 

Tudo isso são fatores internos que podem interferir no preço. 

Fora isso, nós temos fatores externos muito importantes. O maior deles é a safra dos Estados Unidos. 

Os Estados Unidos respondem por aproximadamente 32% do milho que se produz no mundo. São em torno de 380 milhões de toneladas produzidos pelos Estados Unidos, em um total mundial de 1,2 bilhão de toneladas. 

Por isso que qualquer oscilação, qualquer 3% ou 5%, é muito e interfere no mercado. Na verdade, toda a safra americana interfere. Agora, por exemplo, estamos na fase de decisão da safra, se eles vão optar por mais soja ou mais milho e em setembro/outubro temos a colheita e, assim, um cenário mais fechado do mercado. 

Conclusões sobre o mercado e preço do milho em 2022   

Temos sempre que levar em conta que o mercado é dono de si mesmo. Ninguém tem bola de cristal e o produtor tem que estar muito atento a todos esses fatores que contribuem para a flutuação do preço para tomar a melhor decisão. Tem que estar bem-informado. 

Alguns desses fatores são movimentos especulativos, gerado por expectativas apenas e não por fatos já materializados. Por isso, há expectativas que se constroem a partir de alguns episódios e que podem se confirmar ou não. 

Então isso interfere também na tomada de decisão do produtor. A boa informação é a chave para errar menos. 

Veja também:
Como minimizar custos e expectativas da logística? T.2 Ep.21
Quais as vantagens do cultivo de sorgo e expectativas do seu mercado? T.2 Ep.20

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O Santa Dica, podcast de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

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