O que é combinação de híbridos de milho? T.3 Ep.2

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Utilizar uma combinação de diferentes tipos de híbridos pode ser uma boa estratégia, permitindo uma safra com menos riscos. Mas o que seria isso na prática? 

Para esclarecer melhor sobre o assunto temos hoje conosco o Ivênio de Oliveira. Ele é engenheiro agrônomo, mestre e doutor pela universidade Federal de Viçosa, sendo que atualmente é pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo com experiência em MIP, sistemas integrados de produção, culturas anuais e outros. 

O que é a combinação de híbridos? 

A combinação de híbridos é uma ferramenta que os produtores podem lançar a mão na época de posicionar os cultivares. 

Essa prática parte do princípio de que dentro das características de cada local, de cada necessidade que tiver um produtor e dependendo da região, é possível plantar mais de um híbrido para assim ganhar alguns benefícios. 

Antes de entrar mais profundamente sobre a escolha e combinação de híbridos nós precisamos fazer um histórico sobre posicionamento de cultivares, especialmente em frente a questão ambiental e nível tecnológico. 

Algumas décadas atrás o potencial produtivo de milho no Brasil era considerado baixo, não chegava a 10.000 kg por hectare de produtividade, enquanto hoje nós estamos falando em experimentos obtendo 20 toneladas por hectare. 

Esse acréscimo de 100% em termos de produtividade está ligado principalmente a questão genética. A semente se tornou o fator mais importante nessa questão de produzir mais ou menos. 

Porém, não basta ter só a semente: o produtor precisa conhecer muito bem as condições que ele possui. 

As condições da área vão implicar desde conhecer toda a propriedade, onde que ela está inserida, qual contexto regional, os problemas regionais que têm, qual a disponibilidade de tecnologia que ele possui, qual o nível tecnológico que ele adota e outros.  

Tudo isso faz a diferença na hora de escolher uma determinada cultivar. Importante ressaltar que a partir do momento que o produtor escolhe a semente é um caminho quase que sem volta, já que ele empregou muito recurso nessa compra. 

Também temos que levar em conta que hoje possuímos o plantio da primeira safra, da segunda safra (com maior proporção de plantio nesse momento, também chamado de safrinha), além de uma terceira safra na região do SEALBA. 

Cada safra tem condições ambientais específicas em termos de clima, exigindo uma preocupação especialmente em relação às chuvas. 

Se as condições de chuvas da época da cultura incomodam o produtor, com período de preparo de solo e plantio reduzido, então é nesse momento que ele começa a achar interessante ter uma variabilidade de cultivares de milho que me proporcione uma janela maior para plantio, por exemplo. 

Essas cultivares elas estão na mão de diversas empresas e precisamos estar antenados junto à elas para saber quais as cultivares que estão sendo colocadas no mercado. 

Vale lembrar que temos diferentes cultivares não pela questão de maior produtividade, mas também pela questão da ocorrência de doenças e pragas severas, por exemplo.  

Neste momento estamos passando pelo problema dos enfezamentos, o qual concilia uma doença severa como um inseto vetor (cigarrinha) também muito severa. 

Isso vem causando problemas grandes e fazendo com que as empresas adotem cultivares tolerantes ou resistentes a essas pragas.  

Desse modo, quando o produtor chega no mercado para adquirir a semente ele tem que estar ciente do que precisa, como de uma cultivar tolerante às doenças e/ou pragas, etc. 

No entanto, encontrar uma cultivar com tolerância às doenças, pragas, alta produtividade, tolerante ao estresse hídrico e outros, significa procurar uma cultivar perfeita, o que não é possível. 

A importância da combinação de híbridos na safrinha 

A questão do déficit hídrico quando a gente fala de segunda safra (ou safrinha) acompanha o produtor de perto o tempo inteiro. 

Isso porque o produtor tem uma janela em torno de 15 dias para fazer o plantio da safrinha dentro de uma situação normal, sendo um período muito curto e, muitas vezes, impossibilitando o plantio da área toda nessa janela ideal. 

Muitas vezes o produtor se vê quase que obrigado a aumentar a velocidade da máquina, principalmente trator no momento do plantio, acarretando problemas de plantabilidade e perdas de produção. 

Assim, para fugir de vários problemas como esses, pode ser vantajoso o uso de mais de uma cultivar/híbrido, especialmente em relação ao ciclo. 

Hoje temos híbridos precoces, semiprecoces e superprecoces, os quais predominam hoje no mercado para fazer essa condução da lavoura, conseguindo contornar o problema de déficit hídrico e outros. 

É importante que o produtor não se atente apenas para o ciclo, mas considere também a questão do custo, se ele vai poder plantar na região obedecendo características de zoneamento em termos de financiamento e outras questões que estão sempre correlacionadas. 

Também temos que observar o objetivo da lavoura. Se o produtor vai plantar para grão, temos um tipo de híbrido recomendado, já se ele vai plantar para silagem ele tem outra escolha. 

Perceba que a combinação de híbridos é muito mais complexa do imaginamos, pois temos que levar diversos fatores em consideração, como mencionamos. 

Quais são as vantagens de fazer a combinação de híbridos? 

Podemos dar um exemplo bem atual do que tem conhecido. As cultivares que o mercado de milho em geral possuía nas safras passadas eram produtivas, mas muitas delas ficaram muito suscetíveis aos enfezamentos. 

Essas cultivares tiveram que ser substituídas, em algumas regiões, por outras que não eram tão produtivas mas toleram melhor o enfezamento. 

Assim, tivemos esse caso atual em que a produtividade teve que ser deixada de lado e focar mais na tolerância à doença, já que com o enfezamento a produção era muito baixa. 

Santa Dica

O Santa Dica, podcast de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

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