Produtos biológicos e suas aplicações T.3 Ep.6

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Os produtos biológicos vêm conquistando cada vez mais espaço no setor agro devido aos seus inúmeros benefícios.   

Para explicar mais sobre esse tipo de produtos temos conosco a Dinalva Alves Mochi, da Agroceres Binova

Dinalva é graduada em Ciências Biológicas, com mestrado e doutorado em Microbiologia Agropecuária, atuando na Agroceres Binova como Gestora de Serviços Técnicos no setor de biológicos. 

Quais são os tipos de biológicos usados em larga escala para as grandes culturas do Brasil? 

Quando falamos de biológicos automaticamente nos lembramos de vida, já que a própria palavra “bio” , ou seja, vida, já remete a isso. 

Hoje nós temos 2 grupos de biológicos, os macro e os microbiológicos, utilizados em grandes culturas no Brasil, como soja, cana, milho, algodão e café. 

Em termos de macrobiológicos usados hoje temos os insetos predadores, insetos parasitoides, ácaros predadores e outros que exercem um papel muito importante para várias culturas. 

Já os microbiológicos são os microorganismos, como bactérias, fungos e vírus, os quais também podem trazer muitos benefícios para essas grandes culturas. 

Os produtos biológicos também possuem registro, como os químicos? 

Os produtos biológicos são registrados hoje, mas não temos uma legislação própria para eles, sendo que ainda se enquadram na lei dos agrotóxicos e a fins. 

Os produtos saem com o registro, podendo ser registrados como inoculantes e outras classes, como biofungicidas, bioinseticida e bionematicidas. Eles são fiscalizados pelos órgãos MAPA (somente o MAPA, no caso dos inoculantes), Anvisa e Ibama. 

E como o produtor identifica que o produto biológico que ele está comprando tem registro e, consequentemente, toda essa certificação de qualidade? 

Ele vai ver que tem um registro ali no rótulo do produto bem parecido com o rótulo dos químicos. 

O produtor vai poder observar toda a especificação dos órgãos credenciados, por exemplo, quando é registrado como inoculante temos ali no rótulo que o MAPA é o órgão que fiscalizador. 

Quando o produto é registrado pela lei dos agrotóxicos e afins, temos no rótulo que os órgãos fiscalizadores são o MAPA, Anvisa, Ibama, além da a bula e todas as especificações do produto. 

Para milho, quais são os produtos biológicos comercializados? 

Podemos considerar que existem 4 tipos importantes de biológicos para a cultura do milho: inoculantes, bionematicidas, biofungicidas e bioinseticidas. 

Os inoculantes ajudam muito no incremento do sistema radicular das plantas e desenvolvimento das raízes laterais, fazendo com que a planta consiga acessar mais nutrientes e que tenha mais acesso à água. Produtos biológicos também auxiliam em diversos outros pontos, como na assimilação do nitrogênio e etc. 

Temos, por exemplo, os inoculantes biológicos que são as bactérias do gênero Azospirillum, os quais podem serem usados tanto no sulco como no TS.  

Entre os biológicos mais específicos temos os bionematicidas, como as bactérias do gênero a Bacillus e os fungos do gênero Purpureocillium, os quais possuem efeito de proteção do sistema radicular para que os nematoides não consigam acessar a raiz da planta.  

Se pensarmos em termos de doença nós temos também os biofungicidas que são aplicados na folha da planta. Esses produtos possuem ação desses biofungicidas pela ocupação de espaço da folha e secreção de metabólitos que vão inibir o estabelecimento do fungo patógeno. 

Temos também os bioinseticidas que são muito importantes. Por exemplo, hoje na cultura do milho, temos a cigarrinha-do-milho que é uma praga que vem causando muitos problemas não pelos danos diretos que ela causa, mas sim por ser vetor de doenças (enfezamentos).  

Dessa maneira, temos o bioinseticida do fungo Beauveria bassiana que é usado justamente para causar uma doença no inseto e assim fazer o seu manejo. 

Como é a aplicação dos produtos biológicos no campo? 

Importante ressaltar que os produtos biológicos têm registro com o alvo, ou seja, não é estabelecido para a cultura. 

O posicionamento de um biofungicida, na maioria das vezes, é aplicar o quanto antes na cultura ainda na fase vegetativa, permitindo que esse microrganismo se estabeleça na planta e cause uma pressão sobre o patógeno. 

A reaplicação também é muito importante para ajudar nessa pressão sobre o patógeno. Assim como fazemos uso do sistêmico várias vezes durante a cultura, para o biológico também temos que fazer 2 ou 3 aplicações, possibilitando que o microrganismo consiga fazer uma pressão sobre o patógeno. 

Nós temos um biofungicida que é usado contra mancha-branca do milho e que deve ser aplicado na fase vegetativa, mais ou menos V6 até V10, justamente pra que os organismos se estabeleçam nessa parte vegetativa e consigam fazer pressão sobre o patógeno. 

Assim, ele é utilizado nessa fase como um fungicida protetor, mas, é lógico, de origem microbiana. 

A aplicação não muda em nada em relação à aplicação de um fungicida sistêmico, sendo que o maquinário é todo mesmo. Temos apenas que tomar alguns cuidados em relação à mistura de calda. 

Há diferenças na aplicação de cada tipo de produto biológico? 

  • Inoculantes e bionematicidas: TS e no sulco; 
  • Biofungicidas e bioinseticidas: parte aérea. 

E quais as vantagens dos produtos biológicos? 

Os biológicos vêm sendo considerados uma ótima ferramenta no manejo fitossanitário, inclusive complementando e otimizando o uso dos químicos.

Os produtos biológicos favorecem muito a saúde do solo porque eles têm múltipla ação. Por mais que um determinado fungo seja registrado como um bioinseticida, por exemplo, além de causar uma doença no inseto praga ele também vai para o solo, onde se nutre fazendo a ciclagem de nutrientes e disponibilizando isso para a planta. 

Ou seja, além da função que está no registro, esses organismos sempre colaboram para a saúde do solo e para o sistema agro como um todo. 

Saiba mais sobre a Agroceres Binova clicando aqui. 

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O Santa Dica, podcast de perguntas e respostas da Santa Helena Sementes, convida especialistas experientes do agro para responder dúvidas abordando os temas mais relevantes e debatidos do setor agropecuário, especialmente relacionados às culturas de milho e sorgo.

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